quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Poema 12 - Deste caos chega uma canção


Deste caos chega uma canção.
Vem pálida sobre o dorso da noite
e anuncia a dor nos dias venturosos.
As primeiras letras não foram soletradas,
e já o tempo das palavras acabou.
A efémera paisagem cedeu o lugar:
um rio de cinza na fonte do desejo,
o medo avança ao cantar.

É tempo de escutares a minha prece.
É tempo de entoar o teu nome.
É tempo de cantares a minha canção.
Não tornarei a colher flores no jardim,
nem as mãos se levantarão aos céus.
Um rumor indica o vento a nascer,
e no meu coração não há sangue
que o inverno leve para o teu.

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