quinta-feira, 29 de março de 2012

Poema 33 - O sol, negro símbolo do castigo


O sol, negro símbolo do castigo,
Sintoma e prova da expulsão do paraíso.
As casas arfam na madrugada,
E as ruas exalam alcatrão derretido.

Sonho com montanhas e água, neve fria.
Sonho com um tempo transfigurado.
Vejo andores e santos pela praça,
Uma dança tribal na paisagem cansada.

Ó deuses solitários tende piedade.
Uma canção, no horizonte longínquo,
Um sonho, prece na forja do tempo.

A primavera regressou. E vós deuses
Dizei-me: onde está o vosso poder,
Onde a água que o inverno roubou?

2 comentários:

  1. Eu poderia ser tua irmã, Jorge. Assim partilharíamos uma genética aversão a este tempo que é metáfora destes tempos. O sol é mesmo um negro símbolo do castigo.
    Brilhante, como é hábito, claro.

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    1. Obrigado, Ivone. E ainda não chegámos ao horror de Junho e Julho em Torres Novas. Como as coisas estão, é possível que lá para Abril chegue Junho.

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