quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Gronelândia como metáfora

Foto do Público

Aquilo que se está a passar na Gronelândia deveria alertar-nos para os modelos de sociedade que temos ainda a pretensão de construir. A questão não é de nos tornarmos todos mais ricos, mas como devemos gerir os parcos recursos com decência e civilidade, como distribuí-los de forma equitativa, agora numa maré recessiva e num universo humano muito mais amplo. Qualquer pensamento político que não tenha os problemas ambientais em atenção e a cooperação de todos para a defesa de um futuro para a humanidade é uma autêntica distopia, uma ameaça à sobrevivência da própria espécie. O que está em questão é o horizonte social que foi traçado com o Iluminismo. O exercício do egoísmo, pressuposto antropológico do liberalismo, está a conduzir-nos a um beco sem saída. É preciso repensar a comunidade sem destruir o indivíduo. Contudo, não estou certo que, em desespero de causa, a humanidade não se volte para formas comunitárias onde o valor da singularidade seja erradicado. Não é apenas a superfície de gelo na Gronelândia que se está a fundir. Tudo parece em rápida fusão, a Gronelância é apenas uma metáfora poderosa. 

2 comentários:

  1. A Gronelândia como, noutra dimensão, a Amazónia constituem um sinal de alerta. Mas o Mundo, que a seguir a Quioto ficou quieto, depois, em Copenhaga, na Cimeira ficou abaixo e, mais tarde, no Rio 'chorou' de raiva.
    Esse Mundo, segue a sua trágica rotina: Populações famintas e sedentas, contingentes de pessoas sem trabalho. Um modelo económico e de desenvolvimento cujo objectivo é a exploração total dos recursos da natureza, num cenário dantesco em que o poder letal se adivinha irreversível.
    Quanto tempo mais nos falta para evitar a tragédia? Qual será o ponto de inflexão desta curva vertiginosa e suicida, aquele em que já não haverá retorno?
    Talvez a resposta para estas interrogações seja a eclosão da própria tragédia que se anuncia para a espécie humana...
    Resta-nos a esperança -e a esperança, como sabemos, é a última que morre...de fome e de sede.

    Abraço

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    1. Caro JRD, talvez não haja já nenhuma saída se não a catástrofe e um novo recomeço. Talvez a esperança seja mesmo a tragédia. Abraço.

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