quinta-feira, 11 de abril de 2013

A derrocada

Maria Helena Vieira da Silva - O desastre (1942)

Talvez este blogue devesse ser apenas um conjunto de apontamentos, de meras descrições, sobre os acontecimentos onde se manifesta a derrocada dos valores mais altos que fizeram, em tempos, da Europa um lugar decente. E isso já seria uma tarefa sem fim. Notícias como estas mostram o grau de degradação a que se chegou: os bancos espanhóis despejaram em 2012 pelo menos (sic) 115 famílias por dia. Este é um exemplo concreto daquilo que se referia ontem aqui sobre a perda de refúgio na modernidade ocidental. A Europa e a civilização ocidental, de que tanto nos orgulhámos um dia, não tardará a ser motivo de chacota e referência de opróbrio. Todos os valores que construímos em quase três mil anos de história ficaram reduzidos a um, o dinheiro. Tudo aquilo que pensámos um dia que tinha um valor inapreciável se reduz, na mão dos governos e das elites económicas, a um preço. Mesmo a liberdade, esse mistério que se manifesta no fim da Idade Média, é agora a pura liberdade do dinheiro, da circulação dos capitais. Se tudo isto não fosse tão dramático e angustiante, daria vontade de rir. Uma triste comédia onde o homem se tornou escravo dos produtos da sua liberdade.

4 comentários:

  1. é trágico, sim! Tudo foi reduzido ao dinheiro! Valores humanos, direitos humanos são a roupagem do que passou a comandar a vida na Europa: o dinheiro! E o problema é que a pessoa humana foi absorvida por essa visão económico-financeira. Neste momento, o plano que está em marcha é o da reciclagem de humanos! Um dia destes também passamos a pagar o bilhete de avião em função do nosso peso, qual mercadoria! Não pode ser verdade, é uma frase que emerge ao observar este movimento de destruição de valores. Não vai ser sempre assim. E "Felizmente há luar", mas uma vida não dura sempre e devia ser proibido recuar tanto!
    Uma boa noite e dias melhores em notícias e tudo o mais!

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    1. Ah! Muito obrigado, mas os tempos estão maus, algo saiu dos eixos.

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  2. Veremos se esse valor, o dinheiro, não se transformará um dia num "Bezerro de oiro".
    Acredite que eu ficaria feliz.

    Abraço

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    1. Não será já um bezzerro de oiro? O problema é que a idolatria está na moda.

      Abraço

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