quarta-feira, 17 de julho de 2013

Evitar a anagnórise

Ramón Pérez Carrió - Anagnórisis (1994)


Um dos principais problemas do drama português é a inexistência de momentos de anagnórise. Nunca descobrimos os dados essenciais da nossa realidade nem da realidade que nos envolve. Quando o filósofo José Gil escreveu que o problema português é um problema de não inscrição - de não tornar real aquilo que desejamos - ficou na superfície. A questão é mais funda e liga-se com a ausência de desocultação, de revelação. Não é apenas a classe política que, deliberada e sistematicamente, nos oculta a realidade em que vivemos. Somos nós, portugueses, que evitamos a revelação da verdade. A verdade proveniente do reconhecimento, como ensina a Poética de Aristóteles, obriga as personagens dramáticas a formar uma ideia mais exacta de si mesmas, daquilo que as rodeia e da sua própria conduta. A democracia portuguesa, fundamentalmente após a adesão à União Europeia, então CEE, foi um exercício terrível de cumplicidades entre eleitos e eleitores. Todos conspiraram, e conspiram ainda hoje, para evitar a hora terrível da anagnórise. Não é a não inscrição, a falta de produtividade, a ausência de competitividade, etc. que são problemáticas. Terrível é que construímos uma sociedade que lida mal, muito mal, com a revelação da verdade, que evita, a todo o custo, o momento de anagnórise, fingindo que nada se passa. O preço é a inultrapassável embrulhada onde nos encontramos.

33 comentários:

  1. Não sei se estou completamente de acordo. Primeiro é o conceito de realidade. O autor do blogue fala como se a realidade em si fosse algo de completamente objetivo, transparente, algo que se desse a ver do mesmo modo ao olhar de todos. Ele usa a expressão "nós, portugueses", como se houvesse uma maneira única de se ser português e viver em Portugal. É a eterna dissolução da diferença no caldo do mesmo. Eu até posso sentir-me feliz com o meu país considerando o que se passa em outros países da Ásia, África, América Latina, etc. Quando vejo as pessoas queixarem-se da crise imagino o que será viver em países como a Síria, China, Etiópia, etc
    Em segundo lugar, a anagnórise , pressupondo que essa tal realidade única e transparente existe, já se deu. Muitas pessoas estão conscientes que as coisas estão mais difíceis e é preciso mudar. E o tal comportamento novo que isso provoca já está a verificar. Uns emigram, outros poupam mais, uns lamentam-se esperando a intervenção da Divina Providência. Para outras pessoas sempre foi difícil e como já estão habituadas às dificuldades vão-se aguentando.

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    1. O problema não está tanto na leitura que se tem da realidade, mas no facto de se evitar de qualquer leitura da realidade e decidir pela fantasia. Não se trata de Édipo não saber se é filhos de Laio e Jocasta, de um pastor, do cego Tirésias ou de Pólibo de Corinto. Trata-se de ele não querer saber, trata-se de não quererem revelhar-lhe, também.

      Não me parece que se tenha dado o reconhecimento da realidade do país, pelo contrário. Cada vez é maior a cortina de fumo. Fazem-se muitas apreciações, mas a descrição dos factores que nos trouxeram aqui é sempre e deliberadamente disfarçada.

      Quanto ao comportamento novo, também não me parece. As pessoas voltam as costas. Só isso. Mas isso não é novo, eu conheço isso de há muito. Mais, se, por acaso, a divina providência fizesse afluir uma boa quantidade de euros, voltaríamos de novo à velha vidinha.

      Quanto ao "nós, portugueses", claro que é uma expressão retórica, indica a generalidade e não a totalidade do universo. Trata-se de uma simplificação retórica, ms que capta uma tendência geral.

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  2. Acho que todas as afirmações que faz deviam ser fundamentadas, com exemplos concretos. Assim está tudo muito vago. Não se deu o reconhecimento da realidade do país? Por quem? Só alguns se deram conta? A que realidade se refere? Há pessoas que não se deram conta da realidade do país porque não querem ou a realidade tem aspetos ocultos a que só alguns têm acesso? As pessoas decidem-se pela fantasia? Não foi sempre assim? Não faz parte de nós? Não é enriquecedora?
    As pessoas voltam as costas? O que fazer? Que alternativas?

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    1. Por que motivo deveria fazer tudo isso? Um post não é uma investigação científica, mas mera opinião, aquilo que os gregos chamavam doxa. Dirige-se mais à imaginação que à ciência. Para fazer tudo o que pede, seria preciso um inquérito sociológico. Fazer opinião dirige-se ao verosímil. Tudo o que se pode dizer neste tipo de intervenção é conjecturas, logo sujeito à refutação.

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  3. Antes pelo contrário. Este tipo de intervenção é conjetural, não pode ser provada, mas também não está sujeita à refutação por ser vaga e imprecisa.Apesar de todas as críticas a que Popper pode estar sujeito acho que aqui ele tem razão. Acho que o que quer dizer é que está sujeito à discussão.

    De facto aquilo que está a fazer é sociologia, uma vez que está a falar do modo das pessoas reagirem perante uma determinada situação. E está a fazer generalizações precipitadas, uma vez que não se baseou num estudo sério.O uso do "nós" não é uma expressão retórica, a não ser da má retórica, mas uma falácia

    O próprio José Gil, intercala o discurso filosófico pesado e hermético (e aquilo que se podia dizer numa página de um modo mais claro e simples, ele di-lo numa dúzia) com exemplos concretos (que roçam por vezes a banalidade). Mas ele cai no mesmo erro. Fala de "nós", vai buscar conceitos à psicanálise para aplicar ao coletivo o que Freud usou para explicar o indivíduo. Usa uma linguagem hermética para ser lida pelos intelectuais, para mostrar serviço perante os seus pares, os intelectuais. Se o Jorge Maia considera que as pessoas não se deram conta da realidade em que estamos porque não escreve numa linguagem mais simples e acessível ao grande público para o despertar para essa realidade?

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    1. Vamos por partes.

      1. A intervenção é conjectural, mas pode ser refutado. Se se afirma que "nós, os portugueses, somos assim e assado...", a frase tem bastante conteúdo empírico, e basta aparecer um português que não se inscreva no "assim e assado" para estar refutada. Mas isto teria sentido se ao fazer opinião se pretendesse fazer ciência. O que não é o caso.

      2. Acho que o FG deveria ter mais consideração pelos sociólogos. O trabalho deles não é fazer opinião, mas investigar, usando métodos de controlo crítico e empírico, certas proposições teóricas sobre a realidade social.

      3. O problema é um pouco mais complexo do que a sua redução ao domínio lógico informal. Quando se diz "nós, os portugueses, isto e aquilo" o que estamos a fazer? Uma generalização precipitada? Claro que não, pois em nenhum momento se apresenta o conjunto de argumentos e de investigação empírica para suportar essa ideia. Parte-se de uma mera opinião e faz-se uso de uma metonímia (no caso toma-se o todo pela parte). Este é o uso retórico do termo, e o uso de tropos faz parte da retórica. Quanto à bondade ou maldade da retórica, para alguns, o critério seria a capacidade de persuasão do auditório. Para afirmar o que afirma, já que parece escandalizar-se com a opinião, teria de fazer um inquérito aos leitores do post para saber se ficaram ou não persuadidos. A partir daí poderia fundamentar o seu juízo avaliativo. Como vê, já estamos no domínio do absurdo.

      4. O problema está ligado à forma como se lêem certos textos. Como já disse anteriormente este dirige-se mais à imaginação do que à razão. Não por acaso ele começa com uma mobilização de uma categoria literária (embora eu pudesse fazê-lo a partir de uma categoria filosófica ou científica), a anagnórise. E é esta categoria que enquadra e determina o estatuto deste post, como o estatuto de toda a opinião. Um exercício da imaginação (umas vezes mais pobre outras menos, mas sempre da imaginação).

      5. Por que motivo não escrevo de maneira mais simples e mais acessível para despertar as pessoas? Porque esta é a maneira como escrevo - e, aliás, julgo que está muito longe de ser complexa - e porque não quero fazer apostolado, proselitismo nem militância. O estatuto de um blog - na minha óptica - é o da ficção (um conceito equívoco, diga-se de passagem). Se eu quiser fazer ciência ou filosofia faço-o de outra maneira, noutro lado e não num blogue. Se quiser despertar as consciências inscrevo-me num partido ou numa Igreja evangélica. Coisas para as quais não tenho apetite.

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    2. Só um esclarecimento ao ponto 3. Quando se diz "Claro que não, pois em nenhum momento se apresenta o conjunto de argumentos e de investigação empírica para suportar essa ideia." Está-se a dizer que não é feito um raciocínio para chegar à conclusão que os "nós, os portugueses,...". Haveria uma generalização precipitada se houvesse um argumento, com premissas insuficientes para sustentarem a conclusão. Mas nenhum raciocínio é apresentado.

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    3. Caro Jorge

      Não percebi essa de dizer que eu devo ter mais respeito pelos sociólogos.Não há afirmação nenhuma que eu tenha feito onde lhes tivesse faltado ao respeito.
      As suas afirmações neste último comentário deixaram-me conpletamente surpreendido porque vejo tanta confusão no que diz que nem sei por onde hei de começar.

      1º Diz que o seu objetivo não é fazer ciência mas opinião. O que é uma opinião? É uma crença em relação a algo. Quando eu defendo uma crença em relação a algo defendo-a por a considerar verdadeira, ou mais pertinente ou mais justa. Mas para isso, tal como a ciência, tenho de apresentar justificações racionais. Aristóteles reconhecia que a persuasão devia basear-se sobretudo no logos, sem descurar o ethos e o pathos. Surpreende-me que diga que no seu discurso se dirige mais à imaginação do que à razão.
      Isto é má retórica. Mas mais ainda. Eu pensei que estava perante um texto filosófico e não perante um texto de retórica. É que um texto de de retórica, boa ou má, o seu objetivo é sempre mudar os estados cognitivos do auditório. Enquanto um texto filosófico procura investigar o que é verdadeiro sobre uma realidade. Eu considero que é isto que a filosofia tem em comum com a ciência:ambas se regulam por um ideal de verdade, de investigação racional, e não de persuasão de um auditório.

      2. A sua intervenção é conjectural, você não pode demonstrá-la, mas certamente que acredita fortemente na possibilidade de ela ser verdadeira (Não seria racional estar a defender algo em que não tivesse a mais pequena convicção de ser verdadeira - esta é uma das objeções feitas a Popper).

      3. Você afirma "A intervenção é conjectural, mas pode ser refutado. Se se afirma que "nós, os portugueses, somos assim e assado...", a frase tem bastante conteúdo empírico, e basta aparecer um português que não se inscreva no "assim e assado" para estar refutada. Mas isto teria sentido se ao fazer opinião se pretendesse fazer ciência. O que não é o caso."

      Quando afirmou "nós os portugueses, somos assim", não o fez corretamente e a justificação que dá não me parece adequada. Há uma falta de clarificação e de rigor no seu discurso pelas razões que já apresentei. Aquilo que afirma pode ser contestado do ponto de vista:

      Epistemológico- Como você reconhece basta encontrar um único português que não encaixe nesse nós para falsificar esse "nós". É claro que podia dizer e disse: podem não ser todos, mas há uma tendência geral. mas mais uma vez está a falar sem saber. Foi por isso que eu falei na sociologia que podia recorrer a investigações sobre o modo de os portugueses pensarem e sentirem. E a partir daí um amigo da filosofia como o Jorge podia elaborar uma reflexão.Assim está a falar sem conhecimento de causa. A ciência e a filosofia não precisam de andar de costas voltadas. Você diz que não procurou fazer ciência mas apenas opinião! Mas não tinha a convicção de que a sua opinião podia ser verdadeira? Se estava devia ter apresentado melhores razões. Caso contrário, é doutrina. Ou estava apenas a falar "da boca para fora"? Apeteceu-lhe escrever isso apenas para mostrar os seus conhecimentos sobre Aristóteles, para mostrar a sua eloquência, para divagar um bocadinho, para exercitar a mente, pelo prazer de ver as letras e as palavras a fluirem num belo texto? Se o seu objetivo não é escrever aquilo que considera ser verdadeiro sobre algo mas apenas dar asas à imaginação (que é algo muito importante), a filosofia não se vai distinguir em nada da poesia e da literatura.

      Filosófico - Continua a haver uma tendência dos filósofos de procurar a essência, a mesmidade, a redução do outro ao mesmo, aquilo que foi sempre a tendência do discurso metafísico. Por isso o uso do nós.

      A Retórica, caro Jorge, não é filosofia. A retórica procura alterar os estados cognitivos dos auditórios independentemente da verdade ou falsidade do que é defendido. A verdade é a luz que orienta a filosofia.
      Por isso as justificações que dá apelando para a retórica não convencem.

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    4. A expressão "nós os portugueses" é uma generalização precipitada porque é a conclusão de premissas que o Jorge não refere mas estão implícitas no seu raciocínio. O Jorge observou que alguns indivíduos têm essas caraterísticas que atribui ao Portugueses e depois generalizou indevidamente para todos. Ou então, até se limitou a projetar sobre todos os portugueses as caraterísticas da sua personalidade.

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  4. Nós os portugueses somos os que somos, ou melhor, somos o que fomos. Apesar das várias oportunidades que a História nos tem oferecido, não há maneira de perdermos o medo de existir e de lograrmos um gesto capaz de dar a verdadeira dimensão, à realidade fantasiada e apregoada nas famosas "gestas" que as "elites" nos impingem constantemente e que nos impedem de fazer a anagnórise necessária e, a partir daí, poder chegar à mudança..

    Um abraço

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    1. Talvez a fantasia das gestas seja um analgésico para evitar o confronto com a dura realidade. Mesmo perante o descalabro actual, julgo que evitamos saber, efectivamente, o que está na sua origem.

      Abraço

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  5. Mas porquê "nós somos"? Porquê "nós"? Esse nós é uma realidade metafísica abstrata, idealizada, uma espécie de mundo das ideias de Platão.
    "Não há maneira de perdermos o medo de existir e de lograrmos um gesto, etc,etc".
    Há aqui o desejo etnocentrico que carateriza não só os portugueses, mas também os ideólogos de serviço de outros povos de se elevarem acima dos outros, revelarem a sua superioridade, a sua grandeza, de serem os líderes do mundo. As pessoas que têm este desejo sentem-se frustradas pela pequenez do nosso país. Viram-se para o passado, para a glória dos descobrimentos, do império colonial, do Benfica, Amália. Outros desejam um futuro diferente, uma mudança, um homem novo. Outros como eu tentam viver o presente com pessoas reais, uma vez que o passado já não é e o futuro ainda não é. Viver o presente tal como ele é, sem fugas para o passado nem para o futuro.

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    1. Para atalhar: "A sua intervenção é conjectural, você não pode demonstrá-la, mas certamente que acredita fortemente na possibilidade de ela ser verdadeira". Isto resume todo o seu drama perante o pobre do post. Vou-lhe contar uma história verdadeira. Sartre, no pós-guerra, escreveu um romance filosófico denominado "A Náusea", onde descreve o absurdo da existência humana. Pouco tempo antes de morrer, perguntaram-lhe se ele acreditava em tudo aquilo, se tinha sentido tudo aquilo. Respondeu que não, que era uma ficção e que ele sempre achara a vida uma coisa esplêndida e merecedora de ser vivida.

      As minhas afirmações são ficções, são exercícios da imaginação. Opinião, toda ela, é um exercício ficcional (e aqui que ninguém nos ouve, para a mim a filosofia, toda ela, não passa de um exercício ficcional, de um determinado estilo ao qual não me dedico aqui). Se o FG me dissesse que a minha imaginação é péssima, que as ficções são más, eu aceitaria de bom grado, pois estaria a falar daquilo que se faz aqui. Agora querer espetar na ficção de um post o pobre programa de filosofia do ensino secundário é uma coisa absurda. Eu não quero fazer raciocínios, eu uso metáforas e metonímias, uso figuras de estilo, não uso conceitos determinados univocamente. Suspendo as regras da lógica se me apetecer, como posso suspender as regras da física, tal como acontecia nos desenhos animados do meu tempo.

      Faço isto porque me diverte, não porque quero transformar o mundo ou justificar a verdade das minhas crenças. O blogue e os seus posts servem para as pessoas se divertirem, por vezes podem pensar numa coisa ou noutra, estarem de acordo ou em desacordo, mas os posts não têm mais importância do que isso. (continua)

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    2. Veja o que diz "A expressão "nós os portugueses" é uma generalização precipitada porque é a conclusão de premissas que o Jorge não refere mas estão implícitas no seu raciocínio. O Jorge observou que alguns indivíduos têm essas caraterísticas que atribui ao Portugueses e depois generalizou indevidamente para todos." O FG está a supor muitas coisas. Eu não observei nada em lado nenhum, construí essa metonímia para jogar com a ficção do José Gil. Como todas as ficções, esta pode funcionar ou não. Se em vez de dizer "nós, os portugueses" tivesse dito "25% dos portugueses", qual era a graça do post? Estamos a falar de coisas completamente diferentes. Se vc acredita que "A verdade é a luz que orienta a filosofia" tudo bem, é um direito seu e eu não interfiro nem critico que ache isso. Mas não partilho dessa opinião.

      Há uma coisa que eu acho desagradável nas suas intervenções. Não é as "críticas escolares" lógicas, retóricas e filosóficas que faz. Sobre isso já expliquei por que motivo estão deslocadas. O que acho desagradável é a tentação que aflora de pessoalizar as coisas. Vou dar dois ou três exemplos das diversas intervenções: 1. "Acho que todas as afirmações que faz deviam ser fundamentadas, com exemplos concretos."; 2. "Se o Jorge Maia considera que as pessoas não se deram conta da realidade em que estamos porque não escreve numa linguagem mais simples e acessível ao grande público para o despertar para essa realidade?"; 3. "Ou então, até se limitou a projetar sobre todos os portugueses as características da sua personalidade."
      Há aqui qualquer coisa de tentativa de imposição ao outro, de dar ordens, sugestões, de ser paternalista. Isso é desagradável. A vida civilizada exige regras de conduta e de deferências segundo as quais omitimos essas sugestões e suposições. Peço-lhe desculpa, mas só lhe estou a explicar isto, de forma paternalista, porque tem sido contumaz na prática.
      Para ficar ainda mais decepcionado, posso-lhe dizer que os filósofos de que mais gosto são Platão (Platão porque é um grande ficcionalizador) e Kant. Já reparou que Kant ao dizer que não temos acesso à coisa em si, mas apenas aos fenómenos, o que ele fez? Transformou todos os nossos discursos sobre a realidade em ficções. Neste aspecto eu sou um kantiano. Um kantiano cujo blogue vai uns dias de férias.

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    3. Resumindo e concluindo, por aquilo que me diz

      1.Você não é uma pessoa para levar a sério, não inspira confiança e eu não devo considerá-lo digno de estabelecer um diálogo construtivo consigo. Atenção que isto não é um ataque pessoal, mas uma conclusão do que você afirmou e eu realço em 2.

      2. Filosofia não é ficção. Considera que filosofia é ficção porque:

      - Os filósofos falam de coisas que não são observáveis. E dá o exemplo de Platão que falou no mundo das ideias. Mas o que é certo é que Platão desenvolveu essa teoria e não me parece que para ele tenha sido apenas um exercício de ficção, mas algo em que ele realmente acreditou. E fundamentou devidamente as suas teses. Encarou a filosofia como busca da verdade, como um discurso sobre o ser. Havia autenticidade no que dizia.
      - Por esta ordem de ideias a ciência também seria ficção, uma vez que fala de coisas inobserváveis. A filosofia, a ciência e a arte
      recorrerem à imaginação, mas ocupam lugares diferentes.
      - Você diz que Kant afirmou que não temos acesso à coisa em si, mas apenas aos fenómenos. É verdade. Afirmou-o e acreditava nisso. Ou pelo menos achava que havia uma grande possibilidade de essa teoria ser verdadeira. Havia uma autenticidade naquilo que defendia. Para ele não era ficção. Você diz que como consequência desta teoria de Kant todos os nossos discursos sobre a realidade se tornam em ficções. Eu acho que esta afirmação revela que você nunca percebeu realmente Kant, pois para ele esta condição humana não significa cair numa subjetividade total. Antes pelo contrário, ele coloca esta temática dentro da questão da possibilidade de um conhecimento científico universal que ele aceita como possível uma vez que as nossas estruturas cognitivas são apriori e universais.
      Em relação a Sartre. Você diz que ele escreveu um romance filosófico. Não percebo bem o que quer dizer com essa expressão "romance filosófico", mas passemos à frente. O testemunho de um filósofo feito pouco antes de morrer não me parece mais de fiar do que uma obra de uma vida. Mas as pessoas sempre podem mudar de opinião. Platão condenou sempre a Retórica mas no fim da vida acabou por afirmar que aceitaria uma retórica que convencesse os próprios Deuses. O que para mim está em causa e aquilo que defendo é uma relação de autenticidade do filósofo com as suas ideias. Sartre também dizia qualquer coisa deste género e digo-o de um modo algo deficiente por não me lembrar exatamente das suas palavras. Ele dizia que na sua ideias havia uma verdade, uma universalidade, uma autenticidade, pois tinha a convicção que elas não eram boas apenas para si mas para toda a humanidade. Era qualquer coisa como a fórmula da lei universal de Kant. Uma posição diferente desta, de defender uma opinião em que nem se quer acredita, é exercício sofista.

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    4. As minhas críticas não são críticas escolares. São críticas filosóficas. E o tema de que está a falar é um tema discutido por filósofos portugueses (quanto a mim maus, mas isso é outra história) como o José Gil, portanto não esteja a fugir à questão. Quanto à generalização você afirmou claramente "Somos nós, portugueses, que evitamos a revelação da verdade". E eu não estive de acordo. E acho que é o exemplo do mau discurso filosófico.

      Você diz: Como todas as ficções, esta pode funcionar ou não. Se em vez de dizer "nós, os portugueses" tivesse dito "25% dos portugueses", qual era a graça do post?" Quer dizer, isto é uma questão de graça? E também de persuasão: Dizer todos os portugueses persuade mais do que dizer 25%. Ou seja, a verdade é uma coisa secundária. Eu acho que o Górgias tinha muito que aprender consigo.

      O blogue, diz você, serve para as pessoas se divertirem. Eu acho é que você se está a divertir com a falta de conhecimentos e de espírito crítico dos outros.

      Você acha desagradável as minhas intervenções. Talvez porque lhe falte humildade e capacidade de ouvir as críticas. Está habituado a ouvir elogios, a receber palmadinhas nas costas pelos belos textos que escreve. Mas também vou contar-lhe uma história. Aqui há tempos fui a um blogue onde teciam grandes elogios a um novo manual do 10º ano. Eu participei e disse que o manual era fraco, tinha muitas lacunas e que era um retrocesso em relação ao anterior. Caiu o Carmo e a Trindade. Que fui indelicado, que fui isto e aquilo. Incitaram-me a fundamentar as minhas críticas. Meu dito, meu feito. Peguei no manual, analisei-o pormenorizadamente e apontei tudo o que achava mal. Passados uns tempos recebi a mensagem de um dos autores a dizerem que as minhas observações tinham provocado muitas discussões entre os autores e que se fosse hoje fariam o manual de modo diferente. Mais: pediram-me para em Outubro ler alguns capítulos do novo manual do 11ºano e dar a minha opinião. Ah. E pediram-me desculpa. Portanto, abandone lá essa postura do Mestre intocável que só engana os mais débeis de espírito.

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    5. Meu caro FG, vejo que se leva muito a sério. Não o posso ajudar. Fui educado numa escola que me ensinou a rir de mim próprio. É uma escola dura, pode crer, mas que tem a vantagem de tornar manifesta aos nossos olhos a nossa própria risibilidade. Desde estudante que sempre achei as pretensões idênticas às suas risíveis. Tenho um conjunto de crenças - talvez isso o tranquilize - mas nenhuma é demonstrável, o resto são conjecturas, ficções, suposições. Não consigo melhor, a inteligência que Deus me deu - ou a lotaria genética - não me permite mais. Não possa fazer nada.

      Quanto às leituras de Kant, ou outras, não vou disputar consigo. O assunto não me interessa. Se acha que essa leitura que faz é boa, não tenho qualquer interesse em contraria-lo. Se continuar a ler, talvez chegue a outro lado, mas eu não o quero converter às minhas leituras e à forma como tresleio os autores que me interessam. Mas vou-lhe contar um segredo de leitor. As coisas só se tornam verdadeiramente interessantes quando chegamos ao momento de o tresler, de o manipular, de o fazer dizer o que ele não disse. Até aí, tudo não passa de puro academismo. Mas o principal é mesmo não se levar a sério. Depois, nunca se deve estar a atribuir aos outros as nossas suposições, coisa que o FG faz a toda a hora, com a pertinácia de um pregador evangélico.

      Se o FG quer levar os filósofos a serio, está no seu direito. Eu não levo, embora me interessem e divirtam. Quanto ao tipo de diálogo que parece querer estabelecer comigo, confirmo o que o FG diz. Não sou digno de confiança - desconfio sempre de quem se acha digno de confiança - e também não acredito que a luz nasça do diálogo. Mas posso mudar de opinião. Todo esse senso comum filosofante de que o FG tanto parece apreciar, a retórica da autenticidade, da verdade das crenças, a critica aos sofistas, etc., tornou-se estranho para mim. Devo sofrer de alguma estupidez congénita que impede de acompanhar todas essas boas intenções. Infelizmente, nem todos somos dotados da profundidade do FG.

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    6. Acabei de ver o seu ultimo comentário. Como lhe disse, não posso fazer nada por si. Qual a sua necessidade de tudo isto? Leva-se a sério e incensa-se. Na verdade, nem consegue distinguir um texto de filosofia de uma ficção. Está super-apaixonado com o brinquedo da crítica. Eu fazia isso quando era aluno do M.S. Lourenço. Depois percebi o ridículo da coisa. Uma patologia. Sobre isto estamos conversados. Não me interessa se compreende ou não o que eu faço. Se pretende filosofia pura e dura, enganou-se na porta. De resto, tudo neste blogue é literário. A poesia e a opinião, que é, como lhe disse, ficção. Pode dizer que os poemas são medíocres, que a opinião é falha de imaginação, que lhe falta isto ou aquilo, mas poupe-me ao sermão lógico. Agora vou dormir, um árduo dia me espera.

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    7. Quamdo acabar de me rir já respondo...

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    8. Se eu me levo a sério ou não, isso é comigo. Mas se levo os outros a sério, e se os respeito já não é só comigo mas também com os outros. Agora, vir fazer determinadas afirmações para um blogue, defender determinadas ideias e depois dizer que é tudo ficção, que não se acredita realmente naquilo que se diz, ou dizer que não se leva a sério o que os filósofos dizem, isso é desonesto.
      Aliás quem se chateou com isto tudo e assumiu isto como uma espécie de ataque pessoal foi você. Eu apenas comecei por discutir ideias. É claro que, no seu logocentrismo, você não gostou. Você é que levou tudo demasiado a peito, sentiu-se ferido no seu orgulho.
      Você pergunta: Qual a sua necessidade de fazer isto. Leva-se a sério e incensa-se. A sua pergunta é reveladora de uma coisa: Em Portugal aqueles que se dedicam à filosofia não estão interessados no debate filosófico. para eles a filosofia é um conjunto de doutrinas que o mestre transmite ao discípulo.
      Você neste último comentário comete tanta contradição, mete as mãos pelos pés, é tanta a confusão que vai na sua mente que é melhor eliminá-lo. Diz que o que faz é literatura, que é ficção e não filosofia (há pouco dizia que a filosofia era ficção). No entanto no seu post refere-se a uma tese filosófica de José Gil, diz que ele não foi ao fundo da questão e socorrendo-se de outro conceito de outro filósofo avança com a tese de que "o problema português...é a ausência de desocultação, de revelação...." etc,etc. Portanto, na sua perspetiva isto é literatura, não é filosofia. Ah é opinião, já me esquecia e as opiniões são todas ficcionadas, os factos não imteressam, o que interessa é a imaginação...Faz-se opinião como quem está a fazer poesia...Percebi

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    9. Há algo que eu disse que julgo que não publicou. Censura não.

      Já agora acrescento algo.

      Quem faz um blogue apenas pelo gosto de escrever, de dar largas à sua imaginação e de apreciar um pouco narcisticamente o que escreveu não precisa de publicar os posts.
      Quem para além disso gosta de divulgar o que escreveu publica os posts.
      Quem para além disso gosta que façam comentários àquilo que escreve dá às pessoas possibilidade de fazerem esses comentários. O Jorge reúne estas três condições. No entanto se dá às pessoas a possibilidade de fazer comentários, deve aceitar com mais fairplay os comentários negativos (que não têm intenção de ser destrutivos) por que senão isto mais parece o antigo programa de parabéns do Herman José. Não precisa de se abespinhar todo por eu não estar de acordo consigo. Dizer-lhe que os seus poemas são mediocres, que a opinião é falha de imaginação é que seria indelicado. Mas o meu comentário nem foi sobre os poemas, nem considerei que o seu post era apenas um puro exercício de imaginação. Você é que em vez de discutir ideias, ressentido faz afirmações como "está superapaixonado com o brinquedo da crítica" (Eu podia retorquir dizendo que está super apaixonado com o brinquedo da imaginação, da fantasia) "Não me interessa se compreende ou não o que eu faço". Ou seja, não tenho pachorra para si apesar de ter um espaço para si" "Poupe-me ao sermão lógico", quer dizer, não estou nada interessado em saber a sua perspetiva, sobretudo por ela colidir com a minha, apesar de ter um espaço para você a colocar.

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  6. Completamente... é o que digo sempre, ainda que por outras palavras e talvez acerca de outros temas. Mas dá no mesmo, se eu quiser insistir. :) Mais um belo texto.

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    1. Na verdade a questão literária do reconhecimento é muito interessante pata transferir e aplicar no âmbito da política ou noutros âmbitos.

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  7. "Nós somos" porque somos nós, logo, não somos os outros.
    A nossa fatalidade histórica é a nossa, a que foi e a que é.
    Tudo isto não obstante as sucessivas influências que temos sofrido.
    Não acredito na ressurreição, pelo que acho pouco provável que tenha vivido no passado. Também não alimento ilusões acerca de uma possível nova vida no futuro (o que seria da demografia!?...).
    Resta-me o presente e apenas o desejo mais justo e solidário.
    Ah! E também mais feliz para o Benfica.
    Peço desculpa pela linguagem prosaica, mas a Filosofia e a Sociologia não são o meu forte.

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    1. Santo Agostinho, homem que sabia muito do mundo, dizia que havia um triplo presente. O presente actual, o presente do passado, a memória, e o presente do futuro, a expectativa, mas na verdade só vivemos nesse presente, como diz. Quanto à felicidade do Benfica, começo a desesperar. Fui mal habituado, cresci nos anos 60 e 70.

      Abraço

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    2. No que respeita ao Benfica, estou com Santo Agostinho e espero, para já, viver "presente do passado"!...
      Abraço

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    3. Sim, também eu, mas já estou como S. Tomé, ver para crer.

      Abraço

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  8. Sendo assim. Valha-nos Jesus!
    Abraço

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  9. Resuma-se a coisa:

    1. O FG queria um debate sério sobre um post que, segundo ele, estava cheio de falácias.

    2. Foi-lhe explicado que não estava perante um texto argumentativo. Frustrado, agora que tinha uma oportunidade para mostrar a sua poderosa arma crítica, torna-se desagradável e insolente.

    3. Por uma última vez, vou explicar-lhe porque não é possível debater, nos termos que FG quer, este tipo de opinião, pode ser que aprenda alguma coisa. Pode considerar o conceito, de Wittgenstein, “jogo de linguagem”. A opinião, tal como a produzo, pertence a um jogo de linguagem diferente do jogo de linguagem dos textos argumentativos. Possui uma gramática (conjunto de regras) diferente dos jogos de linguagem argumentativos. Esta perspectiva de que a opinião é ficção está longe de ser apenas minha ou de eu a ter inventado, ela é corrente, é uma banalidade que qualquer pessoa com o mínimo de informação sabe. Como é ficcional, as regras gramaticais (no sentido que Wittgenstein confere ao termo no âmbito dos jogos de linguagem) são mutáveis pelo arbítrio do seu autor. É isso que acontece aos produtos da imaginação. Vou tentar explicar-lhe o que fiz.

    A ficção do texto em causa foi construída a partir de uma citação deliberadamente tirada de um sítio que pouco ou nenhum crédito merece ao nível académico. A citação não contém incorrecções mas é, de imediato e pela sua origem, suspeita. A citação está em tensão com o quadro de Ramón Perez Carrió, cujo humor macabro é evidente. Só o enquadramento bastam, para um leitor mediano, perceber que se está perante um exercício ficcional.

    São depois introduzidas várias personagens: o “drama português”, os “portugueses”, a “revelação” ou o “reconhecimento”, a “inscrição no real”. E com elas compõe-se um pequeno enredo, um “plot”, para chegar a um desfecho. Mas tudo isto tem claros e escuros deliberados. Aqui mobilizo informação vinda da filosofia (o caso da tese do J. Gil), noutros lados mobilizo vindas de outras áreas, mas nunca saio do domínio da ficção.

    Quando digo, de forma retórica ou poética, que os “portugueses” isto ou aquilo, onde é que fundo a verdade destas afirmações? Apenas e só ao facto de eu as afirmar. O seu estatuto de verdade é idêntico aquele que nos assegura que Joseph K. teve um processo e que está metido num sarilho enorme que não vai ter bom desfecho. A verdade de tudo isto está no facto de Kafka o ter escrito. O que fundamenta a verdade de Carlos da Maia e João da Ega serem amigos é o facto de Eça o ter escrito.

    Como deve o leitor encarar este tipo de textos? Seguindo o conselho de Coleridge: suspender a descrença. Devem ser lidos “como se” fossem verdadeiros, sabendo, no entanto, que não o são. E é isto que os leitores fazem. O interesse deste tipo de textos não está no argumento que apresentam, mas na intriga que produzem. O estatuto epistémico deste tipo de construções é deliberadamente frágil e ambíguo. Mesmo, e fundamentalmente, quando se apresentam na forma de argumentações (o que não é o caso deste texto). A ambiguidade reside no facto de se mostrar qualquer coisa que pode ser verosímil, que pode suscitar no leitor o reconhecimento de uma certa experiência, mas mais nada do que isso.

    E se eu lhe digo isso não é por medo da sua "poderosa" capacidade argumentativa. Pode ler este post anterior, muito anterior à sua vinda aqui, para ver que eu não me estou a desculpar porque fui apanhado numa falácia (ainda por cima daquelas mais óbvias): http://kyrieeleison-jcm.blogspot.pt/2012/03/argumentacao-como-instrumento-de-fe.html

    (continua)

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    1. (continuação)

      4. Vou-lhe contar outra história verídica (espero que a leia com mais competência do que leu a história que lhe contei do Sartre). Talvez já tenha ouvido falar em Nicolai Hartmann. Hoje em dia é absolutamente obscuro, mas na primeira metade do século XX era um filósofo que rivalizava, na Alemanha, em fama e admiração com Martin Heidegger. Eram amigos. Em certa época, leccionaram na mesma cidade e visitavam-se para discutir filosofia. Como discutiam? Um falava das 10 da noite até à meia-noite e o outro falava daí para a frente. Para mim, esta história retrata bem a incomunicabilidade entre espíritos sobre aquilo que é essencial. Por isso, não faço filosofia no blogue, faço pequenas ficções, muitas vezes com aspecto de argumentações, mas apenas com esse aspecto. Não pretendo proclamar aqui a verdade. A única coisa a que posso aspirar é que o leitor diga: “se non è vero, è bem trovato”. Logo, não pretendo estabelecer aqui nenhum diálogo profundo sobre o quer que seja, nem assumo aqui qualquer competência para me dedicar à produção de ficções filosóficas (isto é, à filosofia), segundo as regras gramaticais que superintendem esse tipo de jogo de linguagem. Se eu quiser fazer filosofia inscrevo-me num curso de pós-graduação e sigo as regras do jogo e "dialogo" com os pares. Aqui é um lugar de diversão, mesmo quando tem aparência de ser sério.

      5. Fazer-lhe notar, por fim, que para além do FG ser incapaz de perceber o que está em questão, é uma pessoa muito desagradável e insultuosa. Chega a casa do outro (um blogue é sempre a casa de alguém) e desata a querer impor-lhe regras e, não havendo receptividade para as suas fantasias de cavaleiro andante, torna-se insultuoso. Basta ler o que escreveu, desde acusações de narcisismo, falta de humildade, etc., etc. até ao queixar-se de ser censurado. Suportá-lo, com a sua pesporrência,a sua ignorância geral e a sua filosofia de ensino secundário, é a melhor prova de um exercício de humildade. Mas tudo tem um limite, e esse foi atingido. Não gosta da casa, não venha cá. A partir de agora instauro mesmo a censura.

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