terça-feira, 27 de agosto de 2013

Operação cirúrgica

Xaime Quessada - A guerra (1967)

Tudo parece caminhar para que os EUA, reivindicando uma suposta superioridade moral para castigar um alegado ataque de armas químicas do regime sírio contra as forças oposicionistas, se disponha a entrar numa nova aventura no mundo islâmico. Fala-se em operação cirúrgica, mas as cirurgias no Iraque e no Afeganistão deram lugar a um pandemónio sem fim. O regime sírio não é, certamente, flor que se cheire, mas os oposicionistas não prometem nada de bom, e o medo daqueles que são apanhados no meio do conflito, como os cristãos, cresce desmesuradamente com a ameaça de intervenção (veja-se a posição do bispo de Aleppo). 

Qual a finalidade de uma operação ocidental? Favorecer a ascensão ao poder dos fundamentalistas? Lançar mais uma acha na imensa fogueira que é o Médio Oriente? Obedecer aos interesses dos falcões militares e da direita republicana? Seja qual for a motivação norte-americana, as potências concorrentes, China e Rússia, dificilmente aceitarão a intervenção e o Ocidente continuará o seu caminho de isolamento. Seria bom que Obama fosse, de facto, diferente dos seus antecessores e pusesse de lado essa terrível combinação de superioridade moral americana e interesses dos senhores da guerra. Infelizmente, nada garante que Obama não siga a tradição.

4 comentários:

  1. Não sou anti-semita (sim anti-sionista)mas o papel de Israel não é despiciendo.
    Obama é, para mim, a maior desilusão dos últimos anos, subverteu todas as expectativas favoráveis e frustrou a esperança.
    A América e os aliados do costume são o "Ocidente" mas nós, os -outros- Ocidentais, vamos continuar a pagar caro esta factura às mãos de fanáticos e terroristas.
    O que estará por detrás de tudo isto, sabendo-se que a Síria até nem tem petróleo?

    Abraço

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    1. Talvez a agenda de Obama fosse apenas a de mostrar que é um americano como os outros. Destes, porém, estamos cansados.

      Abraço

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  2. Também sou anti-sionista mas também não aprecio a islamização estatal. Para mim, a laicidade é essencial. Quanto à Síria, o presente é insustentável (que tristeza é ver aquele sofrimento) e o futuro poderá sê-lo também. Ainda hoje vi mais ataques no Iraque e cheguei a dizer, se é para viver assim - sobreviver - mais valia o que estava antes. Demasiado sangue e terror... Relativamente a estas alianças, não se percebe nada disto, já. É o caos no Médio Oriente...

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    1. Tudo isto é terrível e o pior é que se cava cada vez mais o fosso entre a Europa e o mundo islâmico, que é nosso vizinho e com o qual deveria haver uma relação pacífica e de verdadeira cooperação.

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