domingo, 13 de julho de 2014

Uma noite de Verão

Edvard Munch - Noite de Verão (Inger na praia) (1889)

Cintilam ao longe as lâmpadas da noite, iluminam caminhos que não conheço, deixam traços fugidios nas trevas exteriores. O manto negro que vela a terra reina despótico por onde quer que se estenda o olhar, esconde os segredos que o dia revelará, abriga, no seu seio, o ódio dos amantes desavindos. Um calor estival a tudo aquece, fustiga com o seu chicote de aço os corpos cansados, ávidos do frio que virá. Uma noite de Verão cai assim, louca e destemperada, sobre os dias que o Outono, para graça dos mortais, deveria dizer estes são os meus dias. (averomundo: a prosa do mundo, 2007-10-21)

4 comentários:

  1. Talvez tudo fosse mais suportável se a ardência estival fosse fosse temperada pelo equilíbrio lúcido do Outono.

    Boa semana meu Caro Jorge
    Um abraço

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    1. O Outono - quando não lhe dá para imitar ou o Verão ou o Inverno - é a estação mais extraordinária.

      Boa semana.

      Abraço

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  2. Mais um belíssimo quadro de Munch. Quanto ao resto, por mim seria sempre verão de setembro.

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    1. Pois, depende do sítio onde se está. Aqui, Setembro ainda pode trazer noites bem quentes. Por outro lado, gosto particularmente da melancolia do Outono, desse fim de festa onde a noite se insinua.

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