segunda-feira, 13 de julho de 2015

Os palhaços ricos

Georges Rouault - Clowns (1929)

Faça, pois um príncipe por vencer e por manter o seu Estado; os meios serão sempre julgados honrosos e de todos louvados. Porque o vulgo deixa-se sempre levar pela aparência e o sucesso das coisas; e no mundo não há senão vulgo e os poucos só têm lugar quando os muitos não têm em que apoiar-se. (Nicolau Maquiavel, O Príncipe)

A natureza da vida política é esta, mais coisa menos coisa. Entre o vulgo há, porém, duas categorias. Aqueles que são seduzidos pelas aparências e olham honestamente como boa a acção que, na verdade, é moralmente inaceitável. Há depois os outros, mais estultos que os primeiros. A estultícia destes reside no facto de que tomam, com ardor desmedido e ódio mal disfarçado, à sua conta os anseios do príncipe, uivando sempre que alguém, por inadvertência, ouse pôr em causa as pretensões dos poderosos. Estão do lado dos fortes porque, faltando-lhes a coragem para estar do lado dos fracos, sentem a necessidade terrível de compensar essa falta através do abuso da voz grossa. Utilizando a metáfora circense, temos a imensa massa de palhaços pobres e um pequeno exército de palhaços que, sendo pobres, se julgam ricos. O mundo é o que é e não seria agora que iria mudar.

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