quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Europa, Europa

François Boucher - O Rapto de Europa

Talvez a Europa tenha já começado a abandonar os valores que ergueu no pós-guerra. Talvez um deus, em forma de touro (esse símbolo de uma natureza impetuosa), a tenha já tomado e a arraste para perda. Talvez. Seja como for, ainda há motivos para querermos ser europeus e ter nisso orgulho. Por exemplo, é bom na Europa não se executarem pessoas que estão há 36 anos no corredor da morte, como aconteceu agora no estado da Geórgia, nos EUA. Não o fazer é sintoma de ter valores com os quais vale a pena viver. É bom na Europa não se condenar, por delito de pensamento, um poeta à morte, primeiro, e, perante a indignação internacional, a oito anos de cadeia, 800 chicotadas e a renegar o seu próprio pensamento, como aconteceu agora na Arábia Saudita. Não condenar ninguém pelo que pensa é sinal de ter valores com os quais vale a pena viver. Se a Europa soçobrar na tormenta que a atravessa, quem, no nosso pobre planeta, erguerá os valores pelos quais a vida vale a pena ser vivida?

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