segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Questões de família

Marc Chagall - The Family (1969-71)

Há pequenas coisas que, apesar da sua aparente insignificância, são reveladoras de uma tendência geral. Perante a iniciativa da União Europeia de retirar todos os privilégios ao seu antigo presidente, Durão Barroso, devido ao seu novo emprego no Goldman Sachs, e de passar a tratá-lo como qualquer outro lobista, o PSD, pela voz de Luís Montenegro, critica a posição da União, classificando-a como um triste espectáculo.

O PSD não percebe o que fez Durão Barroso? A atitude do PSD apresenta duas vertentes. Em primeiro lugar, acha normal esta conivência entre o mundo da política e o mundo dos negócios. Já sabíamos, mas é bom sermos recordados. Também nos parece, e esta é a segunda vertente, que se o caso fosse com um militante de outra família política, aí, apesar do amor pelo conluio entre política e negócios, abrir-se-ia uma excepção.

Quando o maior partido português, e que neste tipo de casos não será diferente do segundo mais votado, tem esta compreensão do mundo e da política, estamos conversados sobre a saúde da democracia portuguesa. De facto, estamos muito mais próximo do norte de África do que do norte da Europa. De facto, em Portugal, é tudo uma questão de família. E é sempre bom ter gente na família que se relacione com os poderosos deste mundo.

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