André Masson - Édipo (1939)
Os casos de Jorge Jesus e de José Mourinho são paradigmáticos. O que
nos ensinam eles? Ensinam que não apenas há um limite para o hybris (desmedida, mas também, numa
linguagem moderna, presunção, insolência, arrogância), como há na mecânica do
mundo e da vida social uma certa inclinação para a igualdade. Quando os homens –
mesmo que através do seu talento e do seu esforço – ultrapassam a medida, e
isso é motivo de arrogância, a realidade encarrega-se de os atirar ao chão e
remetê-los para esfera da mediocridade, esfera que é, de certa maneira, a de
todos os homens. E a realidade age por si mesma, sem que uma vontade a
determine. São os próprios acontecimentos que se encarregam de tornar patente
os limites daqueles que, pretensamente, ultrapassam os limites. Na mecânica do
mundo e da vida social há um lugar para a diferenciação, mas esse lugar é muito
menor do que aquilo que os defensores da desigualdade e os arautos do mérito
pretendem. Um leve passo em falso e a fortuna muda. Que o digam Agamémnon ou
Édipo. Que o digam Jorge Jesus ou José Mourinho.
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